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Família de Luziânia questiona governo após negativa de ajuda para traslado de corpo de jovem morto no Chile

Enquanto presidente Lula determina apoio para trazer corpo de brasileira da Indonésia, família de Gabriel Bitencourt, morador de Luziânia, enfrenta dificuldades para sepultá-lo no Brasil.

26/06/2025 às 22h36
Por: Jornal Democrático
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Família de Luziânia questiona governo após negativa de ajuda para traslado de corpo de jovem morto no Chile

A diferença de tratamento entre dois casos recentes de brasileiros mortos no exterior tem gerado revolta e questionamentos em todo o país, especialmente em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. É de lá que vem a família de Gabriel Tavares Bitencourt, jovem que faleceu no Chile no dia 16 de junho após sofrer uma convulsão e uma parada cardiorrespiratória. Até hoje, o corpo permanece no Instituto Médico Legal de Puerto Natales, aguardando o pagamento de taxas para liberação.

A irmã de Gabriel, Graziella Tavares, tem buscado apoio de parlamentares, veículos de imprensa e autoridades federais para conseguir viabilizar o traslado, mas recebeu como resposta que o governo brasileiro não possui autorização orçamentária para esse tipo de despesa. O Brasil, desde 2016, não reserva verba pública para traslado de corpos do exterior, diferentemente de países como a Áustria, que mantêm esse apoio como política de Estado.

A indignação da família de Luziânia aumentou após a repercussão nacional da morte da estudante Juliana Marins, que faleceu em uma trilha na Indonésia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou nota de pesar em suas redes sociais, entrou em contato com os familiares da jovem e determinou ao Itamaraty que acompanhasse de perto o traslado do corpo ao Brasil.

“É impossível não sentir que há uma diferença de tratamento. A dor da perda é a mesma, e nós também somos brasileiros”, escreveu Graziella em uma carta aberta enviada ao Ministério das Relações Exteriores. Ela questiona os critérios adotados pelo governo federal para decidir quando e como prestar apoio nesse tipo de situação: “Existe algum protocolo específico que leve em conta a repercussão midiática? Existe morte mais importante do que outra?”, desabafa.

No documento, Graziella também cita o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que garante igualdade de direitos a todos os brasileiros. Para ela, a ausência de um critério claro e transparente é uma forma de descaso e reforça a desigualdade no acesso aos serviços públicos, mesmo em momentos de extrema dor.

O caso de Gabriel Bitencourt tem mobilizado moradores de Luziânia e da região do Entorno. Líderes locais já se articulam para pressionar o Congresso Nacional a discutir a retomada de uma política pública para apoio financeiro a famílias brasileiras que enfrentam esse tipo de situação no exterior.

Enquanto isso, a família segue lutando para trazer Gabriel de volta para casa, uma luta marcada pela dor, pela indignação e pela ausência do Estado.